Os consultórios de psicologia estão recheados de queixas sobre relacionamentos. Tenho realizado muitos trabalhos com noivos e fico entusiasmada, pois vejo aqueles jovens casais apaixonados querendo construir uma família. Mas, não é nada difícil entrarem em crise logo depois de casados.
Mas é aterrrizante a constatação de que não existe mais um período crítico na evolução do relacionamento de casal. Assistimos a separações precoces de relações com brevíssimo período de convivência, rompimentos de casal depois da chegada de um primeiro filho, também separações dolorosas após vinte ou trinta anos de vida em comum e, ainda mais incrível em idade avançada.
Não tenho dúvida de que é dificílimo construir uma família nos dias de hoje, pois é preciso para tal, derrotar o mito das sociedades modernas de que a liberdade individual tem que ser uma meta a ser alcançada a todo custo. Antigamente o casamento era baseado numa anulação principalmente da mulher e isso ela não aceita mais. Então? Não é mesmo para se anular, nem homem e nem mulher. Porém, tanta individualidade?
Pois bem, para manter uma relação conjugal ao longo do tempo demanda muito compromisso e apostar não numa relação fusionada em que um sufoca o outro, mas numa relação de dois indivíduos capazes de dialogar de modo harmônico e duradouro. Para que um casal seja considerado saudável é preciso clareza de regras entre os dois e com os filhos também. Não é preciso disputar lugar, direitos, e mais que tudo ter equilíbrio de poder para que todos sejam igualmente importantes no seio da família.
Quem trabalha com casais e famílias sabe bem o quanto os sintomas das crianças e dos adolescentes refletem as dificuldades relacionais do casal e se bem examinados permitem aos pais refletir sobre o próprio comportamento estimulando recursos para uma mudança. Não é para menos que por vezes quem chega a terapia primeiro são os filhos.
Construir uma família é uma decisão que não deve ter direito a devolução, pois é um contrato sem volta e os filhos precisam da união dos seus pais. As pessoas não são objetos descartáveis.
Pensem nisso!
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