Quando você gravar um CD de músicas e ele não emplacar, escrever um livro e ele não vender mais de mil cópias, montar uma peça e apresentá-la para platéias vazias, não se veja sem qualidade. Conclua, pura e simplesmente, que as pessoas optaram por não escolher você, por critérios pessoais. Nunca se sabe porque alguém gosta de chantili com morango e seu vizinho não.
Console-se sabendo que há vinhos de excelentes safras, que o povo não lembra nem conhece, obras de arte que as pessoas não compram não se sabe por que. Reflita sobre os livros de um famosíssimo sociólogo rejeitados na estante e o relato emotivo de uma apresentadora de televisão que vende milhões.
Vender muitos exemplares não é o mesmo que ter mais cultura ou ser o melhor. Reunir multidão não é ser o melhor e estar em todas as mídias não é sinal de mais cultura e conteúdo. Ser contratado por um time europeu não é ser o melhor. É claro que algum valor essas pessoas têm para chegar aonde chegaram. Não significa que quem não chegou não seja tão bom. Pode até ser melhor, mas não foi escolhido nem caiu na simpatia dos distribuidores.
Vale aqui o famoso ditado: “O mundo tem razões que a própria razão desconhece” , “o povo tem razões que a própria razão desconhece”. Como quem compra ou consagra alguém famoso tem suas razões, entendamos os mecanismos da comunicação moderna. Nem sempre se vende ou se oferece cultura ao povo. No mundo do “sou visto, logo existo” milhões compram o produto mais oferecido e mais visto, ou a pessoa cujo rosto está na capa do livro ou do vídeo. Se perguntarmos qual capítulo ou que canção mais agradou, talvez não obtenhamos resposta. Nem sempre se compra o tema ou a canção. Compra-se autor, o cantor ou a cantora.
O assunto é polêmico. Vale um debate acalorado!
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