A uma curta distância da cidade de Assis, na Itália, situa-se a Igreja de Nossa Senhora dos Anjos, erguida em uma ampla planície. A primeira ermida foi construída em 352 por quatro peregrinos provenientes de Jerusalém, que veneravam uma relíquia do túmulo da Santíssima Virgem. A igreja foi dedicada a Maria, elevada ao céu pelos anjos, o que originou o título de Santa Maria dos Anjos.
Segundo a lenda, nas vésperas de algumas solenidades, coros de anjos desciam durante a noite para cantar aleluias e realizar grandes celebrações. Por isso, o local era conhecido como Santa Maria dos Anjos. Também era chamado de Porciúncula, pois, de acordo com a tradição, os beneditinos, antes de se estabelecerem no Monte Subásio, haviam recebido uma pequena porção de terra para cumprir suas obrigações monásticas.
A Basílica de Santa Maria dos Anjos é a sétima maior igreja cristã em termos de dimensão. A pedra fundamental da majestosa Basílica foi colocada em março de 1569 pelo bispo de Assis, Filippo Geri, a pedido do papa Pio V, para abrigar a capela da Porciúncula. O projeto foi feito pelo arquiteto perugiano Galeazzo Alessi e a construção foi concluída apenas em 1679. Após o terremoto de 1832, que devastou o edifício, a cúpula e a Capelinha da Porciúncula ficaram intactas. A basílica foi reconstruída por Luigi Poletti e, em 1930, foi colocada a estátua dourada de Nossa Senhora dos Anjos, esculpida por Colasanti.
O interior da Basílica é composto por três naves de grande beleza e harmonia, além de várias capelas laterais. No centro, sob a cúpula, encontra-se a Capela da Porciúncula, decorada externamente com pinturas de Andréa d’Assisi e com um tabernáculo gótico no teto, renovado após o terremoto de 1832.
A construção da grandiosa Basílica visava incorporar a pequena capela e os outros locais onde São Francisco viveu, oferecendo um espaço maior para os peregrinos que visitam a Porciúncula. A primeira capela de Santa Maria dos Anjos, restaurada por São Francisco, foi doada pelos beneditinos de Subásio. Também estão presentes o primeiro convento e a capela do Trânsito, onde São Francisco faleceu em 4 de outubro de 1226.
Frei Tomás de Celano, primeiro biógrafo de São Francisco, descreve o amor do santo por este local dedicado a Nossa Senhora, chamado “Porciúncula”, que significa “pedacinho”:
“O santo tinha uma afeição especial por esse lugar e desejava que os frades o venerassem de maneira particular, preservando-o como um reflexo da humildade e da extrema pobreza de toda a sua Ordem.
A Porciúncula mantém o frescor da austeridade primitiva franciscana. As pedras evocam as mãos delicadas do restaurador Francisco de Assis. Milhões de pessoas se prostraram ali em busca de paz e perdão na grande indulgência da Porciúncula. Os peregrinos que chegam à imponente Basílica de Santa Maria dos Anjos são atraídos pela pequena igreja no coração do santuário.
Foi nesta capela que Francisco recebeu a célebre indulgência do “Dia do Perdão”, celebrado anualmente em 2 de agosto. Esta indulgência, uma das mais importantes para a Ordem Franciscana, foi estendida a toda a Igreja Católica pelo Papa Pio XII.
A história conta que, em uma noite de 1216, Francisco estava em profunda contemplação na pequena igreja da Porciúncula quando uma grande luz apareceu, revelando Cristo revestido de luz sobre o altar e, à sua direita, a Mãe Santíssima cercada por uma multidão de anjos. Francisco adorou silenciosamente seu Senhor.
“Peça o que deseja para a salvação das almas”, disse Jesus.
A resposta de Francisco foi imediata:
“Santíssimo Pai, eu sei que sou um miserável e pecador. Peço que todos os penitentes que se confessarem e visitarem esta igreja recebam amplo e generoso perdão, com remissão completa de todas as culpas.”
“Seu pedido é grande, Francisco”, respondeu o Senhor. “No entanto, você é digno de coisas maiores, e as terá. Aceito seu pedido, mas você deve solicitá-lo ao meu vigário na Terra.”
Francisco se dirigiu ao papa Onório II, que estava em Perugia, e contou-lhe a visão com simplicidade. O papa ouviu com atenção e, após hesitação, perguntou: “Por quantos anos deseja essa indulgência?”
“Santo Padre, não peço anos, mas almas”, respondeu Francisco.
Saindo feliz, Francisco foi chamado de volta pelo papa, que disse: “Você não deseja um documento? Santo Padre, para mim basta a sua palavra! Se essa indulgência é obra de Deus, Ele a manifestará. Não preciso de nenhum documento. Este documento deve ser a Santíssima Virgem Maria, Cristo o tabelião e os anjos as testemunhas.”
Alguns dias depois, junto com os bispos da Úmbria, o papa chorou ao se dirigir ao povo reunido na Porciúncula: “Irmãos, desejo enviar todos vocês ao Paraíso!”
No Brasil, há muitas paróquias e templos dedicados a Nossa Senhora dos Anjos, que também é padroeira da Costa Rica.
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